"Menino cadê o teu Mestre?"

Por Danieli Alves, Felipe Bischoff e Rafaela Melo.

Apresentação geral do Projeto



Este projeto de "Educação Musical" tem como objetivo geral a promoção e valorização da cultura popular e da oralidade a partir da figura dos Mestres (guardiões da memória e do conhecimento popular). 

                            


 O projeto tem a duração de uma semana, podendo ser realizado com um público diversificado: crianças, adolescentes, pais ou responsáveis.

Objetivos Específicos 



  • Valorizar e reconhecer a figura do mestre como “guardiões” do saber popular, sendo possível aprender com eles;


  • Reconhecer a oralidade como forma legítima de preservação e registro das diferentes expressões culturais;


  • Promover aproximações dos alunos com diferentes manifestações culturais afro-brasileira (ciranda, maracatu, samba e capoeira).


  • Localizar possíveis griôs da comunidade e realizar um levantamento do tipo de saberes que estes possuem. 


Justificativa 


Tanto a África quanto a Música vão à escola por força da lei. A Lei 11.769 de 2008 tenta recuperar a presença da música nas escolas instituindo a obrigatoriedade do ensino de música. Já a Lei n° 10.639 de 2003, visa incorporar ao currículo escolar os saberes, a cultura e a história das culturas africanas, entendidas como constituintes de nossa própria história como matriz cultural – numa diversidade de culturas que perpassa nossa linguagem e nossos corpos. 

Entendermos que a educação musical e a cultura afro-brasileira juntas podem contribuir com a preservação da cultura popular, investigação das múltiplas identidades e valorização do saberes populares. 

Revisão de Literatura 

 

Para Larrosa Bondía (2002): "nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara." Segundo este autor isto ocorre em geral  pelo excesso de informações que recebemos cotidianamente.


Afinal, que lugar  temos destinado a memória com a velocidade das informações?

  • A oralidade é uma das formas mais antigas de  transmissão oral dos conhecimentos armazenados na memória humana. Antes do surgimento da escrita, todos os conhecimentos sociais, científicos, religiosos e culturais eram transmitidos oralmente. 




De acordo com Jacques Le Goff (2003), “[...] a memória é a propriedade de conservar certas informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas como passadas.” (LE GOFF, 2003, p. 419).

Na tradição oral destaca-se a figura do “mestre” como guardião do conhecimento, geralmente uma pessoa mais velha que por ter vivido e superado muitas dificuldades era detentor do conhecimento científico, cultural e religioso em diferentes grupos sociais e culturais.

                   
                         
                        

Projeto de Lei Griô Nacional


Tem como objetivo a valorização dos mestres e mestras portadores dos saberes e fazeres da cultura oral e o fomento da transmissão desta tradição. Seu principal mecanismo é a oferta de bolsas de incentivo para os griôs, mestres da tradição oral, para que eles promovam o encontro de tais saberes com a educação formal através de encontros regulares de compartilhamento e troca de experiências de educação e cultura.





O Projeto de Lei Griô está em tramitação e deverá ser votado até o fim do ano. 

A Pedagogia Griô 



A Pedagogia Griô, termo criado por Lillían Pacheco (2006) tem como princípios a integração da escola com a comunidade; dos educadores das escolas e universidades com griôs e mestres; dos saberes das ciências e currículos formais do país com as histórias de vida, mitos e saberes da tradição oral de suas comunidades.

                                 


O Percurso da Ação 


1° dia: "Cirandando"




Objetivos: 

  • Promover aproximações com a ciranda, bem como conhecer a sua origem e o que faz um(a) mestre(a) cirandeiro(a). 

Conteúdos possíveis: Circularidade, passos ritmados, coreografias e melodias cantadas.

Recursos Necessários: Espaço físico amplo, mapa do Estado de Pernambuco, Fotografias impressas em tamanho grande da Lia de Itamaracá.

Tempo estimado para a realização da atividade: 3 horas. 



2° dia: "Maracatuzando"




Objetivos: 

  • Promover aproximações dos alunos como o maracatu (sua história, seus mestres, instrumentos e cantos).

Conteúdos possíveis:  Ritmo, toques de instrumentos, alfaias, jeguerês, gunguês e danças.

Recursos Necessários: Instrumentos de maracatu.

Tempo estimado: 3 horas.




3° dia: "Tamboreando"



Objetivos:


  • Conhecer de um ateliê de construção de tambores e do processo de fabricação.
  • Promover aproximação com toques, cantos e coreografias do samba de roda.
  • Promover aproximações com elementos da capoeira.

Conteúdos possíveis: Fabricação de instrumentos musicais e  movimentos da capoeira como ginga, armada, meia-lua, cabeçada, rasteira e queixada. 

Recursos necessários: autorização dos responsáveis para a saída das crianças da escola.

Tempo estimado: 4 horas. 


4° dia: "Onde estão os griôs?"




Objetivos:  


  • Reconhecer e valorizar os griôs presentes nas comunidades, suas tradições e suas especificidades culturais. 

  • Oportunizar debates sobre a Lei Griô Nacional e sobre a importância do fomento e reconhecimento desses mestres para a preservação do nosso patrimônio imaterial presente na oralidade. 

Conteúdos possíveis: Patrimônio Imaterial, Lei Griô Nacional, Cultura Popular. 

Recursos Necessários: Contactar os griôs da comunidade com antecedência e documento de projeto de Lei Griô Nacional. 

Tempo estimado: 3 horas.



5° dia: "Festejando a Cultura Popular"





Objetivo: 

  • Promover uma socialização entre alunos, professores e griôs da comunidade e dos participantes das oficinas, com ênfase nas manifestações culturais aprendidas ao longo da semana no espaço escolar.

  • Conteúdos possíveis: Festas populares, danças, músicas e comidas típicas.

  • Recursos Necessários: Espaço físico amplo e instrumentos musicais utilizados/confeccionados ao longo da semana.

  • Tempo estimado: 4 horas.





Considerações Finais 




Espera-se que este projeto promova um repensar sobre os processos educativos, a partir da utilização da música como elemento integrador dos saberes valorizados pela educação formal e entre os saberes da cultura popular, especialmente no que diz respeito a tradição da oralidade que ao ser difundida na escola, venha a ser preservada e transmitida para as novas gerações nos diferentes espaços (casa, rua, clubes, bairros e outros). 



Esta proposta de Educação Musical na escola nos desafia a valorizar a diversidade cultural dos nossos alunos e ao mesmo tempo contribuí para o intercâmbio de memórias, saberes, histórias e cultura e para o fortalecimento da identidade dos alunos e da nossa enquanto educadores-aprendizes promovendo o sentimento de pertencimento e ressignificação das nossas memórias e dos sentidos que atribuímos a nossa existência. 

Referências 


BRASIL. Lei n° 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 21 novembro de 2013. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/2003/L10.639.htm>

______. Lei 11.769 de 18 de agosto de 2008. Altera a Lei n. 9394/96, para dispor sobre a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica. Brasília: Presidência da República, 2008.

Culinária brasileira: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/cultura-brasileira/culinaria-brasileira-conheca-as-comidas-tipicas-do-brasil.htm Acesso em 21 de novembro de 2013.

LARROSA BONDÍA, J. Notas sobre a experiência e o saber da experiência. Revista Brasileira de Educação, n° 19. jan./fev./mar./abr., 2002, p.20-28.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4 ed. Tradução de Irene Ferreira, Bernardo Leitão e Suzana Ferreira Borges. Campinas: UNICAMP, 2003. p.53 – 419.

Maracatu de Baque Virado: <http://leledeoya.wordpress.com/maracatu-de-baque-virado-maracatu-nacao/> Acesso em 23 de novembro de 2013.

OOSTERBEEK, Luiz. Arqueologia pré-histórica: entre a cultura material e patrimônio intangível. Cadernos de LEPAARQ – Textos de Antropologia, Arquelogia e Patrimônio Intangível. V.1, n° 2. Pelotas: Editora UFPEL. Jun./Dez. 2004. p. 47.

PACHECO, Líllian. Pedagogia griô: a reinvenção da roda da vida. Lençóis, Grãos de Luz e Griô, 2006.

WIKIPÉDIA ENCICLOPLÉDIA LIVRE. Verbete Capoeira. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira>   Acesso em: 22 de novembro de 2013.

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