O meu objetivo é deixar você incomodado com isso tudo.
Não vamos aprender como hackear o celular do coleguinha;
Não vamos virar eremitas digitais;
Aqui, não falaremos sobre a história da Internet;
Mas vamos falar sobre o que tem acontecido, sobre os riscos que corremos e como podemos nos defender.
Violação do direito à privacidade. A exposição da vida pessoal é a forma mais comum, mas não é a única.
E quem viola nossa privacidade?
Serão os governos?
Serão as empresas?
Será a nossa vizinha fofoqueira?
Todos eles.
Vamos falar um pouco de governos.
Esse é aquele momento em que você acha que eu vou falar de ditaduras. Mas falar só de ditaduras não tem graça. Melhor falarmos também dos governos... Democráticos.
China!
Por que insistem com a China?
E quais são os serviços chineses?
Mas... É só a China?
Como assim, arma de guerra?
Em 1991, um programador estadunidense, Phil Zimmerman, criou um programa para proteger a privacidade dos e-mails e arquivos guardados em um computador.
O programa, gratuito, de nome PGP (Pretty Good Privacy, ou Privacidade Muito Boa) usava um algoritmo de criptografia patenteado (o RSA), foi distribuído amplamente na Internet.
Zimmerman foi investigado pelo Governo dos EUA por exportar munição militar (o algoritmo). Se fosse acusado e condenado, poderia receber a pena de morte por traição.
A investigação durou três anos, a acusação foi retirada e o caso foi encerrado sem acusação.
Eu já disse isso anos antes do 11 de setembro, a pior ameaça à privacidade é a lei de Moore. A população mundial não dobra a cada 18 meses, mas a capacidade dos computadores de nos monitorar dobram a cada 18 meses. Depois do ataque de 11 de setembro, temos o poder da Lei de Moore misturado a uma política focada na vigilância e essa é uma combinação terrível...
Frases ditas por Phil Zimmermann em uma entrevista em 2013.
A tendência natural da tecnologia é avançar na direção de tornar essa vigilância (cidadã) cada vez mais fácil. "
Sim, tem um relatório que foi apresentado em setembro de 2019. Em resumo...
Os governos estão nos tirando o direito à privacidade digital.
Objetivo: manter a segurança dos EUA, aliados e parceiros estratégicos.
"Não há países amigos, mas interesses comuns."
John Foster Dulles, ex-secretário de Estado dos EUA.
Sim, eu já li todos os seus e-mails, garota.
Advogado, jornalista, escritor, colunista de opinião muito influente nos EUA.
Recebeu todos os documentos vazados por Snowden e escreveu uma série de artigos no jornal britânico The Guardian.
Ganhou o prêmio Pulitzer de 2014 e o Prêmio Esso de jornalismo.
Na cinebiografia Snowden, de 2015, ele é interpretado pelo ator Zachary Quinto.
Reside no Rio de Janeiro desde 2005, é viúvo do ex-deputado federal David Miranda, tem dois filhos (adotados) e alguns cães.
Fundado em 2006 e sediado na Suécia, publica postagens de fontes anônimas, documentos, fotos e informações confidenciais, vazadas de governos ou empresas, sobre assuntos sensíveis.
Não é uma wiki aberta.
Julian Assange, ativista australiano (atualmente apátrida), fundador do Wikileaks.
Em 2010, a Suécia emitiu um mandado de prisão acusando-o de agressão e estupro (revogado em 2017). Se entregou à polícia inglesa, foi preso e liberto 10 dias depois.
Em 2022, o governo britânico aprovou um pedido de extradição para os EUA, onde Assange pode enfrentar uma pena de até 175 anos de prisão.
Poster do filme O Quinto Poder (2013), com Benedict Cumberbatch como Julian Assange.
2004 (Governo Lula). Informações sobre como o dinheiro público é utilizado. Mas há dados que não estão disponíveis.
2011 (Governo Dilma). Qualquer pessoa pode solicitar informações de quaisquer órgãos públicos, sem declarar o motivo. A lei foi mudada em 2019 - qualquer ocupante de cargo comissionado pode declarar um documento como ultrassecreto (até 100 anos de sigilo).
2014 (Governo Dilma) - Regula o uso da Internet no Brasil prevendo princípios, garantias, direitos e deveres para cidadãos e o Estado.
2018 (Governo Temer) - Lei que traz regras para disciplinar a forma como os dados pessoais das pessoas podem ser armazenados e usados.
Tornar acessíveis os dados brasileiros de interesse público. Transparência e colaboração.
Restringir acesso a dados públicos é elitizar a democracia.
Projeto aberto que usa ciência de dados para fiscalizar gastos públicos e compartilhar as informações de forma acessível a qualquer pessoa.
Iniciativa cidadã de auditoria da dívida pública do Brasil. Foco em transparência.
A Comissão funcionou de 2011 a 2014 (Governo Dilma), com o objetivo de investigar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988.
Violações ocorridas no Brasil e no exterior, praticadas por "agentes públicos, pessoas a seu serviço, com apoio ou no interesse do Estado brasileiro".
Surgiram outras comissões da verdade (estaduais, municipais ou setoriais).
Mas chega de falar de governos. Vamos falar de empresas.
E se você achava que estava ruim...
Se prepara que piora!
Todas são empresas com valor de mercado da ordem de trilhões de dólares, e com um poder nunca visto sobre toda a humanidade.
Curiosidade: A Cambridge Analytica pertencia ao bilionário Robert Mercer, e era presidida por Steve Bannon, principal assessor de Donald Trump.
Apple enfrenta processo nos EUA por derrubar desempenho de iPhones antigos (22/12/2017).
Aparentemente, o que acontece no seu iPhone não fica mais só no seu iPhone (06/08/2021).
Apple terá que responder a processos de privacidade nos EUA envolvendo Siri (02/09/2021).
Fim da privacidade? Apple e Google se posicionam contra novas leis antitruste dos EUA (19/01/2022).
A Apple se posiciona como um "bastião da privacidade" dos seus usuários. Mas não é bem assim...
A Big Tech está se lixando para a sociedade - o que inclui a democracia.
Guilherme Felitti, ex-jornalista e analista de dados da Novelo Data.
"A economia de dados deveria ser criminalizada"
Carissa Véliz, professora da Universidade de Oxford.
Se as “big techs” fossem uma economia soberana, elas seriam a terceira maior do planeta, apenas atrás de EUA e China.
Documentário "O Dilema das Redes"
“A Era do Capitalismo de Vigilância” - livro de George Schlesinger.
Os executivos das "big techs" não estão preocupados com a democracia.
Felipe Neto, youtuber e influenciador digital, em entrevista ao Grupo Prerrogativas, em 21 de abril de 2021.
Vamos falar de apenas um, e no Brasil:
E no quê isto me impacta?
Seus dados estão expostos. Isto significa que:
Empréstimos podem ser feitos em seu nome.
Dívidas são contraídas e quem vai ter que pagar é você!
Aberturas de contas bancárias em seu nome.
Golpes para tentar tirar dinheiro de você ou da sua família.
Documentos como:
Mais fácil dizer o que não vaza...
As mentiras disparadas por redes sociais foram recursos amplamente usados em campanhas recentes, como o Brexit (2016), as eleições dos EUA (2016 e 2020), no Brasil (2018, 2020 e 2022), entre outros países.
Mentiras devem ser checadas, desmentidas, combatidas e seus divulgadores e criadores, denunciados e criminalizados.
É, já vi que estou ferrado. Quem poderá me defender?
Não se exponha mais do que o necessário.
E quem define o que é necessário?
VOCÊ DEFINE.
Sim, é muito chato ler aquilo! Mas é importante que você leia.
Ofertas convidativas demais, propostas interessantes demais, "contos do vigário"...
Tem alguma coisa estranha aí.
Procure na Internet a respeito, se não tem algo estranho aí.
Sugestão de sites:
Sites e agências de checagem de fatos: e-farsas, boatos.org, Agência Lupa, Agência Pública – Truco, Aos Fatos, G1 Fato ou Fake, Projeto Comprova, Coletivo Beréia, etc.
Na dúvida, cubra a webcam e o microfone do seu notebook.
É? Então porque o Mark Zuckerberg fez isso?
Steal This Film 1 e 2 (direitos autorais); Deep Web (deep web); The Pirate Bay - Away from Keyboard (site PirateBay e o Partido Pirata); Revolution OS e O Código Linux (Linux);
Download: The True Story of The Internet; A Revolução Virtual (BBC); O Triunfo dos Nerds; Nerds 2.0.1 - A Brief History of Internet.
Retrópolis
Ricardo Jurczyk Pinheiro
ricardo.pinheiro@prof.eter.faetec.rj.gov.br
https://about.me/ricardojpinheiro
https://www.retropolis.com.br