DOENÇAS DO NOSSO TEMPO 







tEXTO BASE 




"Tudo, menos ser gorda":
a literatura infanto-juvenil e o dispositivo da magreza


Dissertação de Mestrado de Jaqueline Martins 

Objetivos 




# Propor espaço de estudo e informações sobre transtornos alimentares (em especial Anorexia, Bulimia e Obesidade) a fim de incentivar ao grupo a buscar por ferramentas que possibilitem criar um espaço de troca de informações sobre as temáticas entre seus colegas e alunos.

OBJETIVOS 




# Relacionar a temática deste seminário com os textos já estudados durante a Educação, Saúde e Corpo.

# Analisar materiais ligados a área da estética e do corpo, e assim sistematizar ferramentas teóricas e metodológicas que nos permitam um olhar mais problematizador desses artefatos.

DISPOSITIVO DA MAGREZA


Dispositivo segundo Foucault:



"Um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode estabelecer entre esses elementos. (1990,p.244)"



Rede de inteligibilidade a cerca do sujeito gordo, sendo este colocado como um problema e em oposição ao sujeito normal, o magro. 


Condição de gordo associada à noção de risco que previne, constitui e organiza os sujeitos através da formação de verdades e padrões.


 

A Demonização da gordura  

 

Pode ser vista nos programas e propagandas, buscando a normatização dos corpos. Em que:



      A Magreza = saúde, beleza e sucesso.


            A Obesidade = problema e riscos.



# O controle do corpo se tornou a ordem do dia.


# Corpo não como beleza particular e sim pelo seu valor econômico.

Na História...




# A Magreza é a “forma ideal” e pode  ser “conquistada” em um determinado período histórico da sociedade.

# Antes o corpo era considerado doação divina, e não podia ser modificado.

Séc XV a XIX 


Primeiros instrumentos de modificação do corpo, como exemplo o  espartilho – sinal de nobreza.

SÉCULO XVIII E XIX


# Século da libertação (revoluções capitalistas) – Maior culto ao corpo.

# Culto ao corpo ganha força no Brasil – Engajamento das áreas de medicina e Educação Física demarcam a relação entre CORPO e PROGRESSO.






SÉCULO XX 


Estado Novo: ganha força atividades competitivas na área intelectual, esportiva, de saúde e beleza.

CIVICIDADE! – RAÇA FORTE – EUGENIA (melhoramento da raça). 


PORÉM beleza ainda não era ligada à magreza!

FINAL DA DÉC. DE 60


A Modelo Twiggy ganha fama e seu padrão estético (natural) – magérrima e jovem – ganha status de modelo padrão para qualquer mulher ou homem que se possa considerar belo.

                               

década de 80




# Muitas jovens se tornam anoréxicas na primeira vez na história!

# Robustez das crianças considerada doença, ou não recomendável. Crianças cada vez mais como foco de reeducação alimentar.


Ser gordo se torna um problema!


A obesidade como vilã a ser combatida!





ANOREXIA


# A Anorexia é um distúrbio alimentar de ordem psicológica que visa o emagrecimento infindável  levando o individuo a morte.


# Existem sites variados que promovem a anorexia, defendendo que esta não é uma doença, mas sim um estilo de vida. 

# A reportagem da Revista Veja (2004), por exemplo, aponta dois grupos de maior risco que seriam as estudantes de ballet e aspirantes a modelo, profissões que estabelecem uma relação rígida com o corpo.

   



#  A Anorexia é reflexo de uma cultura doentia que exalta a aparência do corpo acima de tudo e qualquer outras coisas;

# Na vida real, anorexia é um distúrbio com elevadíssima taxa de mortalidade, em torno dos 20%. É mais que os 15% de óbitos por câncer de mama. Estima-se que no Brasil bulimia e anorexia afetem 100.000 adolescentes, dos quais 90% são garotas. 




Alertas para os sintomas da doença


BULIMIA




BULIMIA 


# Com todo esse bombardeamento midiático, com todos esses significados acerca do sujeito gordo, fica fácil entender por que cada vez mais encontramos adolescentes com transtornos alimentares.


# A literatura infanto-juvenil, juntamente com outras instâncias, principalmente a mídia, participa de um dispositivo da magreza, tomado aqui como uma rede de inteligibilidade lançada sobre o sujeito gordo.


 "Dietas rigorosas, exercícios físicos intensivos e métodos purgativos passam a fazer parte do cotidiano dessas pessoas. Tais preocupações com o corpo e com suas medidas estão, hoje, tão associadas a um dado padrão de comportamento dito feminino que elas passam a ser definidas e reconhecidas como objeto ‘natural’ de atenção feminina. Um dos efeitos extremos dessa preocupação naturalizada parece ser a de levar garotas cujos corpos estão muito próximos dos padrões tidos como normais a perceberem-se com corpos ‘defeituosos (p. 15)." 

bULIMIA 



É o transtorno alimentar no qual o(a) paciente come num curto espaço de tempo grande quantidade de alimento como se estivesse com muita fome. O(a) paciente perde o controle sobre si mesmo e depois tenta vomitar e/ou evacuar o que comeu, através de artifícios como medicações, com a finalidade de não ganhar peso.

# Na Bulimia o(a) paciente não quer engordar, mas não consegue conter o impulso para comer por mais do que alguns dias.


# O Bulímico(a) é um(a) paciente com vergonha de seu problema, com sentimento de inferioridade e auto-estima baixa.


#  É interessante notar que a bulimia não constitui uma completa perda do controle. O(a) paciente consegue planejar seus episódios, esperar para ficar sozinho e guardar alimentos, por exemplo.






Para o tratamento não há uma abordagem especialmente recomendada. 


Pode-se indicar a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, terapias de grupo, grupos de auto-ajuda, psicoterapias individuais.


OBESIDADE


 

o que é a obesidade ?



A obesidade é o acúmulo de gordura no corpo causado quase sempre por um consumo de energia na alimentação, superior àquela usada pelo organismo para sua manutenção e realização das atividades do dia a dia. Ou seja: a ingestão alimentar é maior que o gasto energético correspondente. 

diagnóstico de obesidade


A obesidade é determinada pelo Índice de Massa Corporal (IMC) que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros). 

Classificação do IMC:

Menor que 18,5 Abaixo do peso
Entre 18,5 e 24,9 - Peso "normal"
Entre 25 e 29,9 - Sobrepeso (acima do peso)
Igual ou acima de 30 - Obesidade

O CORPO "GORDO" NA HISTÓRIA E NA CULTURA 



As Três Graças de Rubens no Séc. XVII 


"Representação de Bebê saudável em dado momento histórico"

o corpo "gordo" na cultura e na história 



Lançando mão do conceito de dispositivo de Michel Foucault, a autora defende que há uma "rede de inteligibilidade" acerca do sujeito gordo, que isola o gordo como um problema e o institui em oposição a um sujeito "normal", saudável e desejável  - o magro. 



"O mundo nunca vai ser assim. Emagreça com SANAVITA".



"Temos hoje um conjunto de discursos que circulam associando a magreza com saúde, beleza e sucesso; um conjunto de atributos tidos como intrinsecamente positivos, bons e desejáveis. Em relação à obesidade, dá-se exatamente o contrário, ela é a associada a problema e riscos"

(Martins, 2006. p.26)

   

          

O CORPO "GORDO" NA CULTURA E NA HISTÓRIA



O dispositivo da magreza opera, assim, contra o gordo, e tem como finalidade a prevenção e a modelagem das pessoas em função do menor risco (já que se podem evitar a gordura através do comportamento das pessoas) e do maior ganho social (uma vez que a obesidade onera as redes públicas de saúde com internações, remédios, consultas e cirurgias).


A PEDAGOGIA 

DO 

PHOTOSHOP?


Kate Winsley, após a publicação da revista declarou em entrevista à GMTV:

“Não quero que as pessoas pensem que eu sou uma hipócrita, e que desapareci da vista do público com o objetivo de perder 20 quilos, coisa que eu jamais faria. E mais importante: eu não quero ter essa aparência.” 


A imagem de Beyoncé Knowles digitalmente modificada nos faz lembrar  que a mulher “bonita” é: alta, magra, loira, longilínea… E BRANCA!


A cabeça de Demi Moore foi flagrantemente substituída por outra, de uma modelo de passarela, na capa da revista “W”, em 2009.


Kourtney Kardashian, sete dias após o parto, na capa da “OK Magazine”: além de explorar a imagem da criança recém-nascida e já expô-la aos recursos midiáticos, o “Photoshop” eliminou a barriga pós-parto. 



Kimora Lee Simmons, em anúncio dos perfumes 
“Baby Phat” em 2011.


"De fato vivemos hoje uma epidemia da obesidade que pode ocasionar problemas reais de saúde, como hipertensão, doenças cardiovasculares e diabetes. Contudo, considero mais grave o modo como a fronteira entre aquilo que é considerado alguns quilos a mais e a obesidade vem se confundindo, patologizando a todos e construindo uma vontade de normalizar, através de um endireitar o corpo, como se o corpo magro fosse um melhoramento ou uma evolução em direção ao seu estado perfeito"


(Martins, 2006, P. 28)

transformações 

corporais 






Segundo Le Breton (2003):


"A cirurgia estética não é a metamorfose banal de uma 

característica física no rosto ou no corpo; ela opera, em primeiro lugar, no imaginário e exerce uma incidência na relação do indivíduo com o mundo. Dispensando um corpo antigo ou mal amado, a pessoa goza antecipadamente de um novo nascimento, de um novo estado civil."

Durante a intervenção cirúrgica, a jovem de 31 anos teve sua perna quebrada em quatro lugares. 

 Proposta de atividade 



1.Qual é a mensagem central do material?


2. O que eles dizem sobre o que é possível ou o que devemos fazer com o nosso corpo?


3. Qual  seria o público alvo deste material?




Considerações 

Finais 

Doenças do Nosso tempo

By Fol de Rol

Doenças do Nosso tempo

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