Aula 16

Fundamentos de Mecânica

Prof. Ronai Lisbôa

UFRN - ECT - BCT

Objetivos

Definir a grandeza física impulso.

Estabelecer as ideias de contorno, a vizinhança e sistema (isolado).

Verificar que a variação do momento linear se dá por meio do impulso.

Reconhecer o impulso como a variação do momento linear.

Verificar o princípio da conservação do momento linear.

Referência: Tipler & Mosca. Capítulo 8. Seção 8.1 (novamente) e 8.3 (até página 253)

Verifique no SIGAA questões recomendadas

A conservação do momento tem aplicações muito mais amplas. Governa tudo o que acontece no universo.

A conservação do momento linear é usada para resolver muitos problemas científicos e de engenharia:

  • do cálculo das forças de impacto durante colisões de veículos;
  • traajetórias dos satélites;
  • lançamento de foguetes;
  • capacidades de carga de membros artificiais.

Princípio fundamental da natureza

O momento linear é sempre conservado nos sistemas isolados.

A conservação do momento se aplica a átomos e partículas elementares na escala subatômica, as estrelas e galáxias na escala cósmica e a tudo o que está no meio.

Em muitas situações reais, o momento linear de um objeto em movimento está variando continuamente devido a sua interação com sua vizinhança, pois o sistema não é isolado.

Para predizer o movimento de um sistema nós devemos ser capazes de expressar matematicamente a relação entre interação e a variação do momento linear.

O Princípio do Impulso faz uma conexão quantitativa entre a interação e variação do momento linear.

Para construir esse conceito vamos precisar identificar o que é um contorno, vizinhança, sistema,  interação e impulso.

Princípio fundamental da natureza

Qualquer objeto ou grupo de objetos que possamos separar com um <contorno>, em nossa imaginação, do ambiente circundante ou <vizinhança> é um <sistema>.

Na colisão entre dois carros em um trilho de baixo atrito, os dois carros juntos são o sistema. O trilho é a vizinhança.

Se estamos interessados no movimento do carro 1, ele pode ser o sistema. O carro 2 e o trilho são vizinhança.

Depois de decidir incluir um determinado objeto no sistema, ele deve permanecer assim durante toda a análise.

vizinhança

sistema

contorno

sistema

contorno

vizinhança

O resultado físico independe dessa escolha, mas as escolhas adequadas podem simplificar o cálculo!

Sistema isolado x não isolado

Qual a variação do momento linear do ciclista (sistema)?

\Delta p_c = -700\text{ kg.m/s}
\Delta p_c = -875\text{ kg.m/s}

O momento linear do ciclista variou.

O que provocou a variação do momento linear do ciclista?

Pedalando a  \(v\) = 45 km/h. Então, colide no muro e tem a rapidez reduzida para \(v\)  = 0.

m=70\text{ kg}
\vec v

Pedalando a  \(v\) = 36 km/h. Então, colide no muro e tem a rapidez reduzida para \(v\)  = 0.

m=70\text{ kg}
\vec v

Sistema não isolado

Qual a variação do momento linear do ciclista (sistema)?

\Delta p = -700\text{ kg.m/s}
\Delta p = -750\text{ kg.m/s}

O momento linear do ciclista variou.

O que provocou a variação do momento linear do ciclista?

Pedalando a  \(v\) = 36 km/h. Então, colide no muro e tem a rapidez reduzida para \(v\)  = 0.

m=70\text{ kg}
\vec v

Sistema não isolado

Pedalando a  \(v\) = 36 km/h com uma mochila nas costas. Então, colide no muro e tem a rapidez reduzida para \(v\)  = 0.

m=75\text{ kg}
\vec v
\Delta p = -700\text{ kg.m/s}
\Delta p = -700\text{ kg.m/s}

O momento linear do ciclista variou.

O que provocou a variação do momento linear do ciclista?

colchão

Pedalando a  \(v\) = 36 km/h.  Então, colide no muro e tem a rapidez reduzida para \(v\)  = 0.

m=70\text{ kg}
\vec v

Pedalando a  \(v\) = 36 km/h. Então, colide no colchão e tem a rapidez reduzida para \(v\)  = 0.

m=70\text{ kg}
\vec v

Qual a variação do momento linear do ciclista (sistema)?

Sistema não isolado

O momento linear é uma propriedade intrínseca dos objetos (do ciclista).

\Delta p = -700\text{ kg.m/s}

Então, porque é preferível colidir no colchão?

A variação do momento linear é a mesma.

m=70\text{ kg}
m=70\text{ kg}
\vec v
\vec v
v=36\text{ km/h}
v=36\text{ km/h}

Porque a variação do momento ocorre a uma taxa mais lenta.

Para uma mesma variação do momento linear quanto maior o tempo da interação, menor será força do impacto.

colchão

Portanto, para uma mesma inércia e velocidade tanto faz colidir no muro ou no colchão.

Sistema não isolado

O que determina a magnitude da força do impacto não é o valor absoluto da variação do momento linear, mas a taxa na qual essa variação acontece.

F_{ext} = \frac{\Delta p_o}{\Delta t}
F_{ext} = \frac{\Delta p_o}{\Delta t}
= \frac{-700\text{ kg.m/s}}{5\text{ s}}
= -140 \frac{\text{ kg.m}}{{\text{s}^2}}
F_{ext} = \frac{\Delta p_o}{\Delta t}
= \frac{-700\text{ kg.m/s}}{10\text{ s}}
= -70 \frac{\text{ kg.m}}{{\text{s}^2}}

A força exercida no cilclista é a taxa de variação no tempo no momento do ciclista.

Força do impacto

Variação do momento do objeto

Variação do tempo da interação = Taxa

\Delta p = -700\text{ kg.m/s}
\Delta t = 5\text{ s}
\Delta t = 10\text{ s}
\Delta p = -700\text{ kg.m/s}

colchão

\vec F_{ext}
\Delta \vec p
\vec F_{ext}
\Delta \vec p

Sistema não isolado

Considerando o ciclista como o sistema e o muro como a vizinhança percebemos que a força que o muro exerce no ciclista varia o momento linear do ciclista.

F_{ext} = \frac{\Delta p_o}{\Delta t}

Taxa de variação do momento linear e força resultante

\Delta p_o = F_{ext} \Delta t
\Rightarrow
\Delta p_o =0
p_{o,f} = p_{o,i}
\Delta p_o =F_{ext}\Delta t
p_{o,f} = p_{o,i} +F_{ext}\Delta t

Sem interação

Com interação

Sistema não isolado

A mudança de movimento é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção da linha reta na qual aquela força é imprimida.

x
y
\vec p_i
\vec p_i
\vec p_f

A mudança do momento linear é proporcional à força motora imprimida, e é produzida na direção da linha reta na qual aquela força é imprimida.

x
y
\vec p_f
\vec p_i
\vec p_f
\Delta \vec p

a segunda lei de Newton

Princípio fundamental da natureza

e

\vec p_f = \vec p_i +\vec F_{ext}\Delta t
\vec F_{ext}=\frac{\Delta \vec p}{\Delta t}
\vec F_{ext}=m\frac{\Delta \vec v}{\Delta t}
\vec F_{ext}=m\vec a

Vamos definir a lei do impulso, \(\vec I\):

\Delta \vec p = \vec I
\vec p_f = \vec p_i+ \vec I

obemos a  equação do impulso:

\vec I = \vec F_R\Delta t

No Sistema internacional a unidade do impulso (ou variação do momento linear) é redefinida para:

O impulso entregue a um objeto durante um intervalo de tempo Δt - é igual ao produto da soma vetorial das forças exercidas sobre o objeto e a duração do intervalo de tempo.

\Rightarrow
1\text{N.s}\equiv 1\frac{\text{kg.m}}{\text{s}}

A partir da relação entre variação do momento linear, força e intevalo de tempo.

\Delta \vec p =\vec F_R\Delta t
\vec p_f = \vec p_i +\vec F_R\Delta t
\Rightarrow

como a variação no momento de um sistema ou objeto como o impulso entregue a ele.

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

Para um sistema isolado, a conservação do momento linear significa:

\Delta \vec p_s = \vec 0
\Rightarrow \vec p_{s,f} = \vec p_{s,i}

O impulso pode aumentar (entrada: \(I>0\)) ou diminuir (saída: \(I<0\)) a magnitude do momento do linear sistema. Para um sistema isolado, o impulso é zero (\(I=0\)).

Como o momento linear é um vetor, o impulso também é um vetor e tem unidade de N.s

Para um sistema não isolado, temos:

\Delta \vec p_s = \vec I

onde  \(\vec I\)  é o impulso e significa uma transferência de momento da vizinhança para o sistema.

\Rightarrow \vec p_{s,f} = \vec p_{s,i} + \vec I
\vec I = \vec F_R\Delta t

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

Forças impulsivas são forças que atuam por um dado instante de tempo:

d \vec p =\vec F_{R} d t

Fonte: Tipler & Mosca

\int_{p_1}^{p_2} d\vec p =\int_{t_1}^{t_2} \vec F_{R}(t)\,dt

Se a força não é nula, então a variação do momento linear num intervalo de tempo \([t_1,t_2]\) é

\vec I = \Delta \vec p =\int \vec F_R(t)\,dt

Define-se como impulso da força resultante aplicada durante um intervalo de tempo,  o vetor:

A unidade do impulso é o N.s.

Devido a definição, o impulso é numericamente igual à área sob a curva no gráfico de F x t.

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

Uma força impulsiva é tal que,

\vec F \approx \vec 0 \quad \text{se}\quad t \notin[t_i,t_f]

Fonte: Tipler & Mosca

\vec F \approx \vec F_{med} \quad \text{se}\quad t \notin[t_i,t_f]

A força média impulsiva é:

\vec F_{med}=\frac{\vec I}{\Delta t}=\frac{\Delta \vec p}{\Delta t}

Devido a definição, o impulso pode ser calculado aproximadamente por:

\vec I = \vec F_{med}\Delta t

onde a força média está a meia altura da força impulsiva.

\vec I =\frac{ \vec F_{max}}{2}\Delta t
F_{max}

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

F_{med}

O papel do air-bag é vital.  Na colisão a variação do momento linear é o mesmo. Os carros partem com a mesmo momento inicial \(p_i\neq 0\) e finalizam com \(p_f = 0\).

Quanto maior a elasticidade dos materiais do carro maiores as chances da manutenção da vida.

Para uma mesma variação do momento linear, quanto maior o tempo da interação menor será a força do impacto. Isso salva vidas!

\vec F_{ext}=\frac{\Delta \vec p_o}{\Delta t}
\vec F_{ext}\Delta t={\Delta \vec p_o}
\vec I={\Delta \vec p_o}

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

Os engenheiros avaliam a segurança dos carros a partir de vídeo-análise do movimento do carro e do motorista

O carro apresenta uma aceleração máxima de 200 m/s\(^2\). O impulso:

O motorista com airbag tem uma aceleração máxima de 280 m/s\(^2\). O impulso I = 1680 N.S.

O motorista sem airbag tem uma aceleração máxima de 400 m/s\(^2\). O impulso I = 1820 N.S.

FONTE: Revista Brasileira de Ensino de F ́ısica, v. 36, n. 1, 1501 (2014)

m_{carro} = 1250\text{kg}
m_{motorista} = 70\text{kg}
\Delta t = 0,16\text{ s}
\Delta t = 0,13\text{ s}
\Delta t = 0,16\text{ s}
I=F_m\Delta t
I=\frac{F_{max}}{2}\Delta t
I=\frac{(1250\text{ kg})(200\text{m/s}^2)}{2}0,16\text{s}=20000\text{ N.s}

Depois da colisão a cabeça do motorista sem airbag volta para trás (descalara) o que é um segundo risco.

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

Profissionais que trabalham com atletas de alto desempenham trabalham com video-análise para melhorar o rendimento dos atletas.

I=F_{med}{\Delta t}
I=\frac{F_{max}}{2}{\Delta t}

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

Para ensinar um robô a andar é necessário entender como andamos.

I=\frac{F_{med}}{\Delta t}

Princípio do impulso: Teorema impulso-momento linear

O momento pode ser transferido de um objeto para outro, mas não pode ser criado ou destruído em um sistema isolado.

Essa afirmação é um dos princípios mais fundamentais da física e é frequentemente chamada de conservação do momento linear.

\Delta \vec p_{sistema}=\vec 0
\vec p_{s}=constante
\Delta \vec p_{1}+\Delta \vec p_{2}=\vec 0
(\vec p_{1,f}-\vec p_{1,i}) + (\vec p_{2,f}-\vec p_{2,i})=\vec 0
\vec p_{1,f} + \vec p_{2,f}=\vec p_{1,i}+\vec p_{2,i}
\Rightarrow \vec p_{s,i}=\vec p_{s,f}
\vec p_{1}+\vec p_2=constante

Princípio da conservação do momento linear

Considere as velocidades em uma interação entre dois carrinhos arbitrários 1 e 2 que constituem um sistema isolado.

m_1 = 0,36 \text{ kg}

Inércias

m_2 = 0,12 \text{ kg}

Velocidades

v_{1,i} =
v_{1,f} =
v_{2,i} =
v_{2,f} =
carro 1
carro 2

Variação das velocidades

\Delta v_{1,x} = v_{1,f}-v_{1,i} =
\Delta v_{2,x} = v_{2,f}-v_{2,i} =

A velocidade não é grandeza conservada

\Delta v_{s} = \Delta v_{1,x}+\Delta v_{2,x}\neq 0
0
+0,17\text{ m/s}
-0,20\text{ m/s}
+0,34\text{ m/s}
+0,17\text{ m/s}
-0,54\text{ m/s}

Princípio da conservação do momento linear

m_1 = 0,36 \text{ kg}

Inércias

m_2 = 0,12 \text{ kg}

Momento Linear

p_{1,i} =
p_{1,f} =
p_{2,i} =
p_{2,f} =
carro 1
carro 2

Variação dos momentos

\Delta p_{1,x} = p_{1,f}-p_{1,i} =
\Delta p_{2,x} = p_{2,f}-p_{2,i} =

O momento linear é grandeza conservada

\Delta p_{s} = \Delta p_{1,x}+\Delta p_{2,x}=0
0
+0,061\text{ kg.m/s}
-0,0204\text{kg.m/s}
+0,0408\text{kg.m/s}
+0,061\text{ kg.m/s}
-0,061\text{ kg.m/s}

Considere os momentos lineares em uma interação entre dois carrinhos arbitrários 1 e 2 que constituem um sistema isolado.

Princípio da conservação do momento linear

m_1 = 0,36 \text{ kg}

Inércias

m_2 = 0,12 \text{ kg}

Momento Linear

p_{1,i} =
p_{1,f} =
p_{2,i} =
p_{2,f} =
carro 1
carro 2

Soma dos momentos

p_{sis,i} = p_{1,i}+p_{2,i} =

O momento linear é grandeza conservada

p_{sis,i}=p_{sis,f}
0
+0,061\text{ kg.m/s}
-0,0204\text{kg.m/s}
+0,0408\text{kg.m/s}
+0,0408\text{ kg.m/s}

Considere os momentos lineares em uma interação entre dois carrinhos arbitrários 1 e 2 que constituem um sistema isolado.

Princípio da conservação do momento linear

p_{sis,f} = p_{1,f}+p_{2,f} =
+0,0408\text{ kg.m/s}
\Delta p_{sis,i}=0

e a primeira lei de Newton

Momento linear nulo ou constante na ausência de interações.

x
y
\vec p

Princípio fundamental da natureza

e

Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele.

\Delta \vec p_s = \vec 0
\vec p_{f,s} = \vec p_{i,s}
\vec p_{sis} = constante
\vec v_{sis} = constante/m

Todo corpo possui momento linear nulo ou constante, em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças imprimidas sobre ele.

Interação em um sistema isolado

O movimento de dois carrinhos (sistema) que colidem em um trilho (vizinhança) de baixo atrito.

O movimento de dois carrinhos (sistema) que colidem em um trilho (vizinhança) de baixo atrito.

As velocidades não são constantes durante a colisão.

As acelerações não são nulas durante a colisão.

\vec v_1
\vec v_2

sistema

vizinhança

contorno

Interação em um sistema isolado

Carro 1

Carro 2

Colisão elástica!

Inicial

Durante

Final

Variação da velocidade

\Delta v_1 =
\Delta v_2 =
+0,73 \text{ m/s}
-0,37 \text{ m/s}
m_1 = 0,12\text{ kg}
m_2 = 0,24\text{ kg}

A variação da velocidade do carro 1 é o dobro da variação da velocidade do carro 2.

v_{1i}=0\text{ m/s}
v_{1f}=+0,73 \text{ m/s}
v_{2i}=+0,55 \text{ m/s}
v_{2f}=+0,18 \text{ m/s}
\Delta v_{2,c} =
\Delta v_{1,c} =
+0,70\text{ m/s}
-0,35\text{ m/s}

ANTES

DEPOIS

DURANTE

Interação em um sistema isolado

Carro 1

Carro 2

Durante a interação

Inicial

Durante

Final

a_{1i}=
a_{1f}=
a_{2i}=
a_{2f}=
0
0
0
0
a_1\approx
a_2\approx
\frac{\Delta v_1}{\Delta t_1} = +\frac{0,73\text{ m/s}}{20\text{ ms}}=+36\text{ m/s}^2
\frac{\Delta v_2}{\Delta t_2} =- \frac{0,37\text{ m/s}}{20\text{ ms}}=-18\text{ m/s}^2

A aceleração é nula antes e depois da colisão. EXCETO DURANTE A INTERAÇÃO

A aceleração do carro 1 é o dobro da aceleração do carro 2 durante a colisão.

\frac{a_1}{a_2}=-\frac{m_2}{m_1}
m_1 = 0,12\text{ kg}
m_2 = 0,24\text{ kg}

Interação em um sistema isolado

Inicial

Durante

Final

Sem interação as velocidades são constantes. Logo, as acelerações são nulas.

Com alguma interação o movimento é acelerado. A relação entre as acelerações e as massas inerciais é:

A aceleração é diferente de zero quando se observa alguma interação.

Objetos aceleram porque estão interagindo com outros objetos!

\frac{m_2}{m_1}=-\frac{a_1}{a_2}
a_1=a_2\equiv 0

Interação em um sistema isolado

Sempre que dois objetos isolados interagem, eles trocam momento linear:

O intervalo de tempo durante o qual a variação de momento ocorre é a mesma para os dois objetos:

\frac{\Delta \vec p_1}{\Delta t} = - \frac{\Delta \vec p_2}{\Delta t}

Se as inércias \(m_1\) e \(m_2\) dos dois objetos não forem alteradas pela interação, temos, a partir da definição \(p=mv\):

\frac{m_1\Delta \vec v_1}{\Delta t} = - \frac{m_2\Delta \vec v_2}{\Delta t}
\vec F_{12}=- \vec F_{21}
m_1a_{1}=-m_2a_{2}
\Delta \vec p_1 = -\Delta \vec p_2

As forças internas se cancelam aos pares e não alteram o momento linear do sistema:

\vec F_{12}+ \vec F_{21}=\vec 0

Interação em um sistema isolado

\Delta \vec p_{sis} =\vec 0
\sum \vec F_{int} =\vec 0
\vec F_{21}=-\vec F_{12}

Sempre que dois objetos interagem, exercem um sobre o outro forças que são iguais em magnitude e direção, mas opostas em sentido.

O par de forças que dois objetos em interação exercem um sobre o outro é chamado par de interação.

A conclusão de que objetos em interação exercem forças iguais na mesma direção, mas em sentidos opostos um sobre o outro é um resultado direto da lei da conservação do momento e da nossa definição de força.

\Delta \vec p_{1}+\Delta\vec p_{2} = 0
(\vec F_{21}+\vec F_{12})\Delta t=0
\Rightarrow
\Rightarrow
\vec I_1+\vec I_2=0
não há força externa resultante!
há força internas que são um par de interação!
\vec F_{12}
\vec F_{21}

forças internas não alteram o momento linear do sistema

Interação em um sistema isolado

A toda ação há sempre oposta uma reação igual, ou, as ações mútuas de dois corpos, um sobre o outro, são sempre iguais e dirigidas a partes opostas.

x
y
\vec p_{1,f}
\vec p_{1,i}
\vec p_{2,f}
x
y
\vec p_{2,f}
\vec p_{1,i} + \vec p_{2,i} = \vec p_{2,f} + \vec p_{2,f}

e a terceira lei de Newton

Princípio fundamental da natureza

e

\Delta \vec p_{1} =- \Delta \vec p_{2}
\vec F_{12}\Delta t =- \vec F_{21}\Delta t
\vec I_{1} =- \vec I_{2}

A variação de momento do carrinho 1 é compensada por uma variação no momento do carrinho 2. Vejamos a interação do sistema isolado dos carros com mola.

\Delta p_{1,c/m}=+0,096\text{ kg.m/s}
F_{\text{por 2 em 1}} = \frac{\Delta p_{1,c/m}}{\Delta t}
=\frac{+0,096\text{ kg.m/s}}{0,010\text{ s}}=+9,6\text{ N}
\Delta p_{2,c/m}=-0,096\text{ kg.m/s}
F_{\text{por 1 em 2}} = \frac{\Delta p_{2,c/m}}{\Delta t}
=\frac{-0,096\text{ kg.m/s}}{0,010\text{ s}}=-9,6\text{ N}

carro 1

carro 2

Sistema Isolado dos carros com mola

\Delta p_{1,c/m}+\Delta p_{2,c/m} = 0
(F_{21}+F_{12})\Delta t=0
F_{21}=-F_{12}
\Rightarrow
\Rightarrow
\Delta t = 10\text{ ms}
I
\vec F_{21}
\vec F_{12}

Aplicando os conceitos

Em ambas as colisões a variação de momento do carrinho 1 é compensada por uma variação no momento do carrinho 2. Vejamos a interação do sistema de carros sem mola.

\Delta p_{1,s/m}=+0,096\text{ kg.m/s}
F_{\text{por 2 em 1}} = \frac{\Delta p_{1,s/m}}{\Delta t}
=\frac{+0,096\text{ kg.m/s}}{0,001\text{ s}}=+96\text{ N}
\Delta p_{2,s/m}=-0,096\text{ kg.m/s}
F_{\text{por 1 em 2}} = \frac{\Delta p_{2,s/m}}{\Delta t}
=\frac{-0,096\text{ kg.m/s}}{0,001\text{ s}}=-96\text{ N}

carro 1

carro 2

Sistema Isolado dos carros sem mola

\Delta t = 1\text{ ms}
\Delta p_{1,s/m}+\Delta p_{2,s/m} = 0
(F_{21}+F_{12})\Delta t=0
F_{21}=-F_{12}
\Rightarrow
\Rightarrow
I
\vec F_{21}
\vec F_{12}

Aplicando os conceitos

Na colisão de dois carrinhos o impulso de cada carrinho pode ser medido facilmente:

I_1 = \Delta p_1

Carro 1: \(m_1 = 3\) kg

Carro 2: \(m_2 = 1\) kg

I_1 =(3\text{ kg})(0,20\text{ m/s})
I_2 = \Delta p_2
I_2 = -0,60\text{ N.s}
I_1 =m_1 \Delta v_1
I_1 =0,60\text{ N.s}
\Delta v_1
I_2 =m_2 \Delta v_2
I_2 =(1,0 \text{ kg})(-0,60\text{ m/s})
\Delta v_2
\Delta p_1 + \Delta p_2 = 0
\Rightarrow

A inércia do carro 2 é menor do que a inércia do carro 1. Por tal motivo, tem uma maior variação da velocidade. Contudo, a variação dos momentos de cada um são iguais em módulo. O impulso resultante é nulo uma vez que há somente forças internas (interação de par) durante a colisão.

Aplicando os conceitos

Inicial

Final

Momento linear do sistema

O momento linear do sistema é o mesmo antes, durante e depois da colisão.

p_{1i} =
p_{1f} =
p_{2i} =
p_{2f} =
+0,088\text{ kg.m/s}
+0,13\text{ kg.m/s}
+0,043\text{ kg.m/s}
p_{s,i}=
+0,13\text{ kg.m/s}
p_{s,f}=
+0,13\text{ kg.m/s}
\Delta p_s=0
0

Momento linear do sistema

Durante a colisão

a
a
p_{s,a}=
p_{s,b}=
b
b
0,04\text{ kg.m/s}+ 0,09\text{ kg.m/s}= +0,13\text{ kg.m/s}
0,08\text{ kg.m/s}+ 0,05\text{ kg.m/s}= +0,13\text{ kg.m/s}
\frac{|\Delta v_1|}{|\Delta v_2|}\equiv\frac{m_2}{m_1}
\Delta p_s=0

Considere a interação entre dois objetos. Seja o gráfico do momento linear em função do tempo.

Aplicando os conceitos

Exemplo 1 (A9.P1-01)

Suponha que você tenha de escolher entre agarrar uma bola 1 de 0,50 kg que se desloca a 4,0 m/s ou uma bola 2 de 0,10 kg que se desloca a 20 m/s.

 

Qual das duas bolas seria mais fácil de agarrar?

Exemplo 2 (A9.P1-02)

Dois barcos que deslizam no gelo, apostam corrida sobre um lago horizontal sem atrito. Os barcos possuem massas m e 2m, respectivamente. A vela de um barco é idêntica à do outro, de modo que o vento exerce a mesma força constante sobre cada barco. Os dois barcos partem do repouso e a distância entre a partida e a linha de chegada é igual a d. (a) Qual dos dois barcos chegará ao final da linha com a maior energia cinética? (b) Qual deles atravessa a linha de chegada com o maior momento linear? (c) Qual deles chegará primeiramente

Exemplo 3 (A4.P2-02)

(a) As variações de velocidade na figura são iguais em magnitude? Por que sim ou por que não?

(b) Determine as variações de velocidade dos carrinhos e verifique se \(m_1/m_2 = - \Delta v_2 / \Delta v_1\) nessa figura.

(c) Determine o momento inicial e final dos dois carros.

(d) Qual é o momento do sistema antes da colisão?

(e) Após a colisão? 

(f) As variações de momento são iguais em magnitude e opostas em sentido? Por que sim ou por que não?

Exemplo 4 (A4.P2-03)

(a) Qual é a magnitude do impulso entregue ao carrinho 1 na figura?

(b) Escreva o impulso entregue ao carrinho 1 em forma de vetor.

(c) O fato de a variação no momento do carrinho 1 ser diferente de zero significa que o momento não é conservado?

Exemplo 5 (A4.P2-04)

Um próton (massa de 1 u) é lançado contra um núcleo-alvo com velocidade de  \(2,50 \times 10^6\) m/s. O próton ricocheteia com sua velocidade reduzida em 25%, enquanto o núcleo-alvo adquire uma velocidade de \(3,12 \times 10^5\)  m/s. Qual é a massa, em unidades de massa atômica, do núcleo-alvo?

Exemplo 6 (A4.P2-05)

Uma bala de massa m é atirada contra um bloco de massa M inicialmente em repouso na beira de uma mesa sem atrito de altura h. A bala permanece no blo­co, e depois do impacto o bloco aterrissa a uma distância d da parte inferior da mesa. Determine a velocidade escalar inicial da bala.

Exemplo 7 (A4.P2-06)

A força \(F_x(t) = 10 \sin(2\pi t/4,0)\)é exercida durante o intervalo 0 ≤ t ≤ 2,0 s sobre uma partícula de 250 g. Se a partícula parte do repouso, quanto vale sua velocidade em t = 2,0 s?

Exemplo 8 (A4.P2-07)

Em um instante, um trenó de 17,5 kg está se movendo em uma superfície horizontal de neve a 3,50 m/s. Depois de pas­sados 8,75 s, o trenó para. Utilize uma abordagem de mo­mento para encontrar a força de atrito média sobre o trenó enquanto ele estava se movendo. 

Exemplo 9 (A4.P2-08)

Uma partícula de massa m encontra-se em repouso em t = 0.  Para t > 0, seu momento é dado por \(p(t) = 6t^2\), onde t está em s. Determine uma expressão para \(F(t)\), a força exercida sobre a partícula em função do tempo.

Exemplo 10 (A4.P2-10)

Uma bola de borracha de 0,20 kg é largada de uma altura de 2,0 m sobre um piso duro e salta para cima a uma altura de 1,50 m. A figura mostra o impulso recebido do piso. Qual é a força máxima que o piso exerce sobre a bola?

Exemplo 11 (A4.P2-11)

Testes experimentais mostraram  que o osso será fraturado se estiver sujeito a uma densidade de força de \(1,03 \times 10^8 \) N/m^2. Suponha que uma pessoa de 70 kg esteja andando de patins e sem querer uma viga de metal atinja sua testa e pare completamente seu movimento para a  frente. Se a área de contato com a testa do patinador for de  1,5 cm^2, qual é a maior velocidade com que ele pode atingir  a parede sem quebrar algum osso se sua cabeça estiver em contato com a viga por 10,0 ms?

Exemplo 12 (A4.P2-12)

Uma bola de 0,060 g é atirada diretamente contra uma parede com uma rapidez de 10 m/s. Ela rebate de volta com uma rapidez de 8,0 m/s.

(a) Qual é o impulso exercido sobre a parede?

(b) Se a bola está em contato com a parede por 3,0 ms, qual é a força média exercida sobre a parede pela bola?

(c) A bola rebatida é pegada por uma jogadora que a leva ao repouso. No processo, sua mão se move 0,50 m para trás. Qual é o impulso recebido pela jogadora?

(d) Qual é a força média exercida sobre a jogadora pela bola?

Exemplo 13 (A4.P2-13)

Um pequeno foguete de coleta de dados meteorológicos é lançado verticalmente para cima. Após vários segundos de vôo, sua velocidade é de 120 m/s e sua aceleração é de 18 m/s^2. Neste instante, a massa do foguete vale 48 kg, e ele perde massa a uma taxa de 0,50 kg/s enquanto queima combustível. Qual é a força resultante sobre o foguete?

Exemplo 14 (A4.P2-14)

O primeiro estágio de um veículo espacial Saturno V consumiu combustível e oxidante a uma taxa de 1,50 x 10^4 kg/s com uma velocidade escalar de exaustão de 2,60 x 10^3 m/s. (a) Calcule o impulso produzido por este motor, (b) Encontre a aceleração que o veículo teve quando acabou de deixar a plataforma de lançamento na Terra, considerando a massa inicial do veículo como 3,00 x 10^6 kg.

Exemplo 15 (A4.P1-12)

Uma corrente de comprimento L e massa total M é liberada do repouso com sua extremidade inferior ape­nas tocando o topo de uma mesa, como mostrado na figura a. Encontre a força exercida pela mesa sobre a corrente depois que a corrente caiu por uma distância x, como mos­ trado na b. (Considere que cada elo entra em repouso no instante em que toca a mesa.)

Exemplo 16 (A9.P1-11)

Qualquer objeto ou grupo de objetos que possamos separar com um <contorno>, em nossa imaginação, do ambiente circundante ou <vizinhança> é um <sistema>.

vizinhança (muro)

sistema

(pessoa)

Esse é o objeto de estudo.

contorno

(imagine)

Fonte: www.pixbay.com

Sistema isolado x não isolado

O sistema dos dois carrinhos é isolado e, portanto, o momento do sistema não deve mudar.

As velocidades

v_{1,i} =
v_{1,f} =
v_{2,i} =
v_{2,f} =
carro 1
carro 2
\Delta v_1 = v_{1,f}-v_{1,i}
0
+ 0,08\text{ m/s}
+0,34\text{ m/s}
+0,08\text{ m/s}

Como aplicar o Princípio do Momento

\Delta v_2 = v_{2,f}-v_{2,i}
=+0,08\text{ m/s}
=-0,26\text{ m/s}

Variação das velocidades

A velocidade não é grandeza conservada

\Delta v_{s} = \Delta v_{1,x}+\Delta v_{2,x}\neq 0

O sistema dos dois carrinhos é isolado e, portanto, o momento do sistema não deve mudar.

Momento linear

p_{1,i} =
p_{1,f} =
p_{2,i} =
p_{2,f} =
carro 1
carro 2

Momento linear do Sistema

p_{s,i} = p_{1,i}+p_{2,i}=0,041\text{ kg.m/s}
p_{s,f} = p_{1,f}+p_{2,f}=0,041\text{ kg.m/s}
0
+ 0,0306\text{ kg.m/s}
+0,0408\text{ kg.m/s}
+0,0102\text{ kg.m/s}

Como aplicar o Princípio do Momento

\Rightarrow \Delta p_s = 0

O momento linear é grandeza conservada

FM - Aula 16

By Ronai Lisboa

FM - Aula 16

Momento linear. Sistema isolado. Conservação do momento linear. Teorema do impulso-momento linear.

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