Ronai Lisboa
Curso de Introdução à Física Clássica: Mecânica, Termodinâmica, Fluidos, Ondas e Oscilações e Eletromagnetismo para Bacharelado em Ciências e Tecnologias.
Objetivos
Calcular a velocidade e rapidez relativa entre dois objetos em movimento.
Definir as colisões elástica, inelástica e perfeitamente inelástica.
Classificar os tipos de colisão a partir da velocidade relativa.
Classificar os tipos de colisão a partir da energia cinética.
Referência: Tipler & Mosca. Capítulo 8. Seção 8.3 (página 253 até 260)
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Velocidade relativa
Considere a colisão mostrada na figura abaixo.
Qual a variação da velocidade do carrinho 1?
Qual a variação da velocidade do carrinho 2?
Qual a diferença de velocidade entre os dois carrinhos antes da interação?
Qual a diferença de velocidade entre os dois carrinhos depois da interação?
Velocidade relativa
Chama-se de velocidade relativa a diferença entre as velocidades de dois carrinhos.
A velocidade relativa do carrinho 2 em relação ao carrinho 1.
A velocidade relativa do carrinho 1 em relação ao carrinho 2.
é a velocidade do carrinho 1...
é a velocidade do carrinho 2...
O último índice na velocidade relativa representa o objeto que estamos estudando.
Rapidez relativa
Chama-se de rapidez relativa a magnitude da diferença entre as velocidades de dois carrinhos.
A rapidez relativa do carrinho 2 em relação ao carrinho 1.
A rapidez relativa do carrinho 1 em relação ao carrinho 2.
é a rapidez relativa do carrinho 1...
é a rapidez relativa do carrinho 2...
O último índice na rapidez relativa representa o objeto que estamos estudando.
Considere a colisão mostrada na figura abaixo entre dois carros padrões.
Calcule a rapidez relativa antes da colisão.
Calcule a rapidez relativa após da colisão.
Nessa colisão a rapidez relativa antes e depois da colisão é mesma.
carro 2 em relação ao carro 1
carro 1 em relação ao carro 2
Rapidez relativa
Calcule a rapidez relativa antes da colisão.
Calcule a rapidez relativa após da colisão.
Nesse colisão a rapidez relativa antes e depois da colisão é mesma.
Considere a colisão mostrada na figura abaixo entre dois carros.
carro 1 em relação ao carro 2
carro 1 em relação ao carro 2
Rapidez relativa
Colisão elástica
Chama-se de Colisão Elástica quando se observa experimentalmente que a rapidez relativa antes da colisão é a mesma rapidez relativa depois da colisão.
Inicial
final
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
Colisão inelástica
Chama-se de Colisão Inelástica quando se observa experimentalmente que a rapidez relativa antes da colisão não é a mesma rapidez relativa depois da colisão.
Inicial
final
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
2
1
Colisão totalmente inelástica
Chama-se de Colisão Totalmente Inelástica quando se observa experimentalmente que a rapidez relativa depois da colisão é nula. Isto é, os dois objetos se movem com a mesma velocidade após a colisão.
Inicial
final
1
2
1
2
1
2
1
2
1
2
2
1
Mas não levam em conta a inércia das partículas. Há uma grandeza física que considera a inércia, a velocidade e que ainda seja extensiva (contável)?
As velocidades relativas permitem classificar as colisões:
Elástica:
Inelástica:
Perfeitamente inelástica:
Sim. O momento linear.
Mas o momento linear é sempre conservado em um sistema isolado e não permite classificar as colisões. Afinal: \(p_{s,f}=p_{s,i}\).
Classificando as colisões
Energia cinética
No Sistema Internacional, a unidade da energia é o joule (J):
Se uma partícula apenas se move de um ponto para o outro, podemos considerar apenas sua energia cinética. Uma partícula livre em movimento tem somente energia cinética!
Uma energia associada ao movimento que leva em conta a inércia, e claro a velocidade.
Uma grandeza extensiva! Não pode ser criada ou destruída, mas que pode ser alterada pelos processos de entrada e saída.
As colisões e a energia cinética
Considere a colisão mostrada na figura abaixo. As inércias são \(m_1 = \) 0,12 kg e \(m_2 = \) 0,36 kg.
Rapidez relativa
Inicial:
Final:
Momento linear do sistema
Inicial:
Final:
Energia cinética do sistema
Inicial:
Final:
Carro 1
Carro 2
Total
Colisão Elástica
Considere a colisão mostrada na figura abaixo. As inércias são \(m_1 = \) 0,12 kg e \(m_2 = \) 0,36 kg.
Rapidez relativa
Inicial:
Final:
Momento linear do sistema
Inicial:
Final:
Energia cinética do sistema
Inicial:
Final:
Carro 1
Carro 2
Total
Colisão Totalmente Inelástica
As colisões e a energia cinética
Observamos nesses experimentos que:
O momento linear é sempre conservado para qualquer tipo de colisão.
A energia cinética é conservada nas colisões elásticas.
Para onde vai a energia cinética nas colisões inelásticas?
A energia cinética não é conservada nas colisões inelásticas.
Lembre-se que vai aparecer como energia interna!
As colisões e a energia cinética
Analisando as duas colisões notamos que:
Colisão elástica
Colisão totalmente inelástica
A energia cinética do sistema classifica a colisão como elástica (\(K_i=K_f\)) ou inelástica (\(K_i\neq K_f\)).
O momento linear do sistema é sempre conservado seja a colisão elástica ou inelástica.
A velocidade relativa:
Momento linear do sistema:
Energia cinética do sistema:
A velocidade relativa:
Momento linear do sistema:
Energia cinética do sistema:
As colisões e a energia cinética
Coeficiente de restituição
A colisão pode ser classificada comparando as velocidades relativas dos dois objetos.
Define-se o coeficiente de restituição:
A maioria das colisões está entre os dois extremos de elástico e totalmente inelástico.
Coefciente | Colisão | Relação |
---|---|---|
e = 0 | Totalmente Inelástica | |
0 < e < 1 | Inelástica | |
e = 1 | Elástica |
A colisão pode ser classificada comparando a rapidez relativa dos dois objetos.
A velocidade relativa do carro 2 em relação ao carro 1:
A velocidade relativa do carro 1 em relação ao carro 2:
A colisão é elástica se a rapidez relativa não varia.
Isto é, o coeficiente de restituição é \(e = 1\).
Coeficiente de restituição
Fonte: Phet
A energia cinética antes da colisão:
A energia cinética depois da colisão:
Se você sabe que a colisão elástica (e=1), então iguale as energias cinéticas.
Em uma colisão elástica a energia cinética é conservada.
Conservação do momento linear e da energia cinética
Fonte: Phet
A energia cinética antes da colisão:
A energia cinética depois da colisão:
Para a colisão totalmente inelástica (e=0). A energia cinética não é conservada:
Em uma colisão totalmente inelástica a energia cinética não é conservada.
Conservação do momento linear e da energia cinética
O momento linear é conservado:
Podemos obter o quanto a energia cinética do sistema final difere da energia cinética do sistema inicial (ou de quanto é a variação da energia do sistema):
Fonte: Phet
VERIFIQUE
Separações explosivas
É possível ter um processo no qual a energia cinética é obtida à custa da energia interna?
Sim, em uma explosão, ou qualquer outro tipo de separação explosiva, onde os objetos se separam ou se quebram, a energia cinética aumenta e a energia interna diminui.
O canhão e a bala de canhão estão em repouso. Quando o canhão é disparado, a bala voa para fora do cano e o canhão recua na direção oposta.
O canhão e a bala de canhão ganham energia cinética às custas da energia química da pólvora.
Fonte: https://youtu.be/jEexefuB62c
Separações explosivas
A separação explosiva é um processo oposto à colisão inelástica (\(v_{12,i}>0\) e \(v_{12,f}=0\)).
Os carrinhos estão em repouso. A mola está comprimida. Após a explosão a mola se expande e os carrinhos entram em movimento.
A diminuição da energia interna da mola causa um aumento da energia cinética dos carros.
Separações explosivas
Na separação explosiva dos carrinhos é possível determinar as velocidades finais.
Note que o coeficiente de restituição: \(e=v_{12,f}/v_{12,i} \rightarrow \infty\), pois \(v_{12,i}=0\).
Conservação do momento linear
Conservação da energia
Problemas dos livros
Usualmente, são utilizadas as seguintes equações quando há dois objetos.
São essas equações que deve memorizar. Mas os casos a seguir não têm como "decorar". São inúmeras as possibilidades. Deve apenas lembrar dos princípios de conservação. Então, aplicar as equações acima para dois objetos.
Rapidez relativa
Momento linear
Energia cinética
Problemas dos livros.
Deduções implicam em manipulações algébricas das equações dessa aula.
Princípio da conservação do momento linear: \(\Delta p_{2}+\Delta p_{1}=0\).
Princípio da conservação da energia cinética: \(\Delta K_{s,i}+\Delta K_{s,f}=0\).
Problemas dos livros
Os dois objetos estão em movimento. Você não precisa decorar. Não faça isso!
É possível mostrar que (faça isso!):
As velocidades finais de (1) e (2) podem ser determinadas a partir das velocidades iniciais de (1) e (2).
Quais os sinais das velocidades finais de 1 e 2 se:
a) \(m_1 = m_2\) ?
b) \(m_1 > m_2\) ?
c) \(m_1 < m_2\) ?
d) \(m_1 >> m_2\) ?
e) \(m_1 << m_2\) ?
Problemas dos livros
O objeto 2 está em repouso.
É possível mostrar que (faça isso!):
As velocidades finais de (1) e (2) podem ser determinadas a partir da velocidade inicial de (1).
Quais os sinais das velocidades se:
a) \(m_1 = m_2\) ?
b) \(m_1 > m_2\) ?
c) \(m_1 < m_2\) ?
d) \(m_1 >> m_2\) ?
e) \(m_1 << m_2\) ?
Problemas dos livros
Os dois objetos ficam grudados após a colisão.
É possível mostrar que (faça isso!):
A velocidade final pode ser determinada a partir das velocidades iniciais de (1) e (2) e vice-versa.
Quais os sinais das velocidades se:
a) \(m_1 = m_2\) ?
b) \(m_1 > m_2\) ?
c) \(m_1 < m_2\) ?
d) \(m_1 >> m_2\) ?
e) \(m_1 << m_2\) ?
Exercício 1 (A5.P1-02)
As seguintes colisões são elásticas, inelásticas ou totalmente inelásticas?
(a) Uma bola de bilhar vermelha movendo-se a \(v_{v,i}\) = +2,2 m/s bate uma bola de bilhar branca inicialmente em repouso. Após a colisão, a bola vermelha fica em repouso e a bola branca move-se a uma velocidade \(v_{b,f}\) = +1,9 m/s.
(b) Um carrinho movendo-se ao longo de uma pista a \(v_{1,i\) = +1,2 m/s bate no carrinho 2 inicialmente em repouso. Após a colisão, os dois carros se movem a \(v_{1,f}\) = +0,4 m/s e \(v_{2,f}\) = +1,6 m/s.
(c) Um pedaço de massa movendo-se a \(v_{m,i}\) = +22 m/s atinge um bloco de madeira em movimento a \(v_{b,i}\) = +1,0 m/s. Após a colisão, os dois se movem em \(v_f\) = +1,7 m/s.
Exercício 2 (A5.P1-05)
Dois carros, um de inércia \(m_1\) = 0,25 kg e outro de inércia \(m_2\) = 0,40 kg, percorrem uma pista horizontal reta com velocidades \(v_{1,i}\) = +0,20 m/s e \(v_{2,i}\) = -0,050 m/s. Quais são as velocidades dos carrinhos após colidirem elasticamente?
Exercício 3 (A5.P1-06)
Uma bola de borracha de inércia \(m_b\) = 0,050 kg é disparada ao longo de uma pista em direção a um carrinho estacionário de inércia \(m_c\) = 0,25 kg. A energia cinética do sistema após os dois colidirem elasticamente é de 2,5 J. (a) Qual é a velocidade inicial da bola? (b) Quais são as velocidades finais da bola e do carrinho?
Exercício 4 (A5.P1-07)
Um carro branco de inércia de 1200 kg que se move a uma rapidez de 7,2 m/s bate na traseira de um carro azul de inércia de 1000 kg que está inicialmente em repouso. Imediatamente após a colisão, o carro branco tem uma rapidez de 3,6 m/s. Qual é o coeficiente de restituição para esta colisão?
Exercício 5 (A5.P1-08)
O carrinho 1 tem inércia \(m_1\) = 0,25 kg e rapidez \(v_1\) = 2,0 m/s. O carrinho 2 tem inércia \(m_2\) = 0,50 kg e rapidez \(v_2\) = 1,0 m/s. Cada carrinho na figura recebe metade da energia da mola? Por que ou por que não?
Exercício 6 (A5.P1-09)
Um foguete de dois estágios está viajando a 4000 m/s antes que os estágios se separem. O primeiro estágio de 3000 kg é empurrado para fora do segundo estágio com uma carga explosiva, após o que o primeiro estágio continua a viajar na mesma direção a uma rapidez de 2500 m/s. ( a ) Com que rapidez e em que direção o segundo estágio de 1500 kg viaja após a separação? ( b ) Quanta energia é liberada pela separação explosiva dos dois estágios?
Exercício 7 (A5.P2-03)
Um carrinho em movimento colide com um carrinho idêntico, inicialmente em repouso em uma pista de baixo atrito, e os dois travam juntos. Que fração da energia cinética inicial do sistema permanece nessa colisão totalmente inelástica
Exercício 8 (A5.P2-06)
Um carrinho em movimento colide com um carrinho idêntico, inicialmente em repouso em uma pista de baixo atrito, e os dois travam juntos. Que fração da energia cinética inicial do sistema permanece nessa colisão totalmente inelástica
Exemplo 9 (H9.51)
Uma bala de 3,50 g é disparada horizontalmente contra dois blocos inicialmente em repouso em uma mesa sem atrito. A bala atravessa o bloco 1 (com 1,20 kg de massa) e fica alojada no bloco 2 (com 1,80 kg de massa). A velocidade final do bloco 1 é \(v_{1f}\) = 0,630 m/s, e a do bloco 2 é \(v_{2f}\)= 1,40 m/s. Desprezando o material removido do bloco 1 pela bala, calcule a velocidade da bala (a) ao sair do bloco 1 e (b) ao entrar no bloco 1.
Exemplo 10 (H9.52)
Uma bala de 10 g que se move verticalmente para cima a 1000 m/s se choca com um bloco de 5,0 kg inicialmente em repouso, passa pelo centro de massa do bloco e sai do outro lado com uma velocidade de 400 m/s. Qual é a altura máxima atingida pelo bloco em relação à posição inicial?
Exemplo 11 (H9.60)
O bloco A (com massa de 1,6 kg) desliza em direção ao bloco B (com massa de 2,4 kg) ao longo de uma superfície sem atrito. Os sentidos de três velocidades antes (i) e depois (f) da colisão estão indicados; as velocidades escalares correspondentes são \(v_{Ai}\) = 5,5 m/s, \(v_{Bi}\) = 2,5 m/s e \(v_{Bf}\) = 4,9 m/s. Determine (a) o módulo e (b) o sentido (para a esquerda ou para a direita) da velocidade \(v_{Af}\). (c) A colisão é elástica?
Exemplo 12 (H9.64)
Uma bola de aço, de massa 0,500 kg, está presa em uma extremidade de uma corda de 70,0 cm de comprimento. A outra extremidade está fixa. A bola é liberada quando a corda está na horizontal. Na parte mais baixa da trajetória, a bola se choca com um bloco de metal de 2,50 kg inicialmente em repouso em uma superfície sem atrito. A colisão é elástica. Determine (a) a velocidade escalar da bola e (b) a velocidade escalar do bloco, ambas imediatamente após a colisão.
Exemplo 13 (H9.68)
O bloco 1, de massa \(m_1\), desliza a partir do repouso em uma rampa sem atrito a partir de uma altura h = 2,50 m e colide com o bloco 2, de massa \(m_2\) = 2,00 \(m_1\), inicialmente em repouso. Após a colisão, o bloco 2 desliza em uma região onde o coeficiente de atrito cinético μk é 0,500 e para, depois de percorrer uma distância d nessa região. Qual é o valor da distância d se a colisão for (a) elástica e (b) perfeitamente inelástica?
Sistema de massa variável
Como pode?
Sistema de massa variável
O foguete tem inércia M = (m + dm), onde dm representa uma pequena quantidade de combustível ainda a bordo, mas prestes a ser expelida. Este é o instante inicial t.
A velocidade do foguete de inércia M é vrocket no tempo t.
Em seguida, uma pequena quantidade de combustível (dm) é ejetada do foguete (dentro do sistema) em um instante t + dt, pouco tempo depois.
O foguete se move a uma velocidade ligeiramente maior nesse tempo futuro:
Sistema de massa variável
A velocidade do elemento de massa ejetado é
O sistema é isolado:
Sistema de massa variável
Essa equação descreve uma equação diferencial da variação da velocidade do foguete que ocorre um curto intervalo de tempo
Para determinar a variação da velocidade do foguete, integramos:
A velocidade do foguete é sempre oposta ao sentido da velocidade do combustível ejetado.
A inércia inicial do foguete mais o combustível é sempre maior que a inércia final.
Assim, o logaritmo é sempre um número positivo, e a rapidez do foguete está sempre aumentado.
Quando o combustível acaba \(v_{rocket}\) é constante!
Sistema de massa variável
Exemplo:
Sistema de massa variável
Exemplo:
A partir do vídeo (LINK):
Qual é a aceleração nesses 60 m de subida inicial?
A velocidade final nesse intervalo:
LINK
By Ronai Lisboa
Momento linear. Velocidade e rapidez relativa. Colisões elástica, inelástica e totalmente inelástica. Coeficiente de restituição. Separação explosiva. A conservação do momento linear e da energia cinética.
Curso de Introdução à Física Clássica: Mecânica, Termodinâmica, Fluidos, Ondas e Oscilações e Eletromagnetismo para Bacharelado em Ciências e Tecnologias.