Delirium
Delirium
- É uma síndrome secundária a uma doença e/ou alteração orgânica que se manifesta através de sinais e sintomas neuropsiquiátrico
- Super comum = às vezes difícil de identificar e manejo problemático/iatrogênico
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- O quadro clínico é bem variado
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Podendo persistir por dias, semanas ou até mesmo por meses
- tende a ser pior ao entardecer e à noite
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No idoso, o surgimento dos sintomas pode ser mais insidioso e precedido por sintomas prodrômicos
- tais como insônia, irritabilidade e redução da concentração
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Características não essenciais mas podem acometer os pacientes em delirium:
- são irritabilidade, ansiedade, labilidade emocional, medo, raiva, aumento de sensibilidade à luz e ao som
- agitação psicomotora, sonolência diurna e redução e/ou fragmentação do sono noturno
- manifestações autonômicas eventualmente presentes: taquicardia, sudorese, elevação de pressão arterial, rubor facial.
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- Apenas 12 a 35% dos casos de delirium são devidamente diagnosticados
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O delirium hiperativo compreende apenas 25% dos pacientes
- não surpreende, o delirium hipoativo tem pior prognóstico
- mais provavelmente pela dificuldade de identificação e atraso diagnóstico
Delirium
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Abordagem pressupõe duas etapas
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reconhecimento do delirium: história clínica + exame do status mental focado na atenção + conhecimento das escalas
- entrevistar familiares e cuidadores
- buscar pródromos: alteração do sono e comportamento
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reconhecimento do delirium: história clínica + exame do status mental focado na atenção + conhecimento das escalas
- a identificação dos predisponentes e desencadeantes
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Quatro fatores, independente e particularmente, predispõem ao delirium:
- comprometimento visual
- gravidade de doença sistêmica
- comprometimento cognitivo prévio
- desidratação
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Dentre esses, comprometimento cognitivo prévio é o mais determinantes:
- pacientes idosos com demência têm 5 vezes mais chances de apresentar delirium que aqueles sem demência;
- além de ser associado com piora do declínio cognitivo e mortalidade
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Outros importantes fatores predisponentes são: idade avançada (especialmente >80 anos), alterações medicamentosas e presença de doença crônica preexistente
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Outros fatores: grau de comprometimento físico, fratura de ossos do quadril e outras fraturas, alterações séricas do sódio, infecções e febres, polifarmácia
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Os fatores são aditivos e cada novo fator aumenta consideravelmente o risco de ocorrência
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Os 5 fatores que podem, independentemente precipitar o delirium são:
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Contenção Física
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Desnutrição ou Perda de peso (Albumina <3g/dL)
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Uso de catéteres de demora
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Adição de mais de 3 medicações no período de 24h
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Complicações médicas iatrogênicas
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Outros fatores associados incluem:
- distúrbios hidroeletrolíticos, doença sistêmica, falência respiratória, infecção oculta, dor
- medicações sedativas, distúrbios do sono e alterações ambientais
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Internamentos em unidades de terapia intensiva (UTI)
- devido à associação de hiperestimulação sensorial de um ambiente desconhecido e a ausência de familiares no entorno do paciente.
- fatores genéticos: ninguém decora
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Causas de Delirium - Regra Mnemônica (tabela xxx)
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D: Drogas (especialmente psicofármacos)
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E: Eletrólitos (especialmente sódio sérico)
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L: lack of drugs, ou seja, abstinência de drogas
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I: intracraniano (ex.: neoplasias, avc, meningoencefalites)
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R: retenção ao leito (mudança de ambiente e contenções)
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I: infecções (especialmente respiratórias, urinárias e partes moles)
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U: urinárias (ITU, procedimentos urinários, etc)
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M: metabólicos e miocárdicos
ITU: infecção do trato urinário
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O examinador deve avaliar a aparência geral, atividade motora e espontaneidade, humor e afeto e interação e percepção do ambiente
- avaliar o quanto o paciente é "entrevistável"
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Revisões sistemáticas apoiam a utilização da CAM (Confusion Assessment Method) como a mais útil ferramenta de avaliação.
Estabelece o diagnóstico e delirium de acordo com a presença ou ausência de 4 achados (sendo os 2 primeiros obrigatórios + pelo menos um dos outros 2):
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Início agudo de alteração do status mental com curso flutuante
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Desatenção
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Desorganização do raciocínio
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Alteração do nível e consciência.
CAM
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Exame clínico: buscar sinais de doença sistêmica, anormalidades neurológicas focais, meningismo, trauma cranioencefálico
No delirium, são sinais menos específicos porém eventualmente encontrado:
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um tremor postural e de ação de alta freqüência (8-10Hz)
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Asterixis ou breves lapsos no tônus (especialmente no punho)
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Mioclonias multifocais
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Movimentos coreiformes
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Disartria
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Instabilidade de marcha
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- Exames laboratoriais
- Exames de neuroimagem (Tomografia Computadorizada ou Ressonância Nuclear Magnética): suspeita de lesões estruturais ou não haja etiologia definida após investigação inicial
- Estudo de líquido céfalo-raquidiano (LCR): em caso de sinais meníngeos ou suspeita de Encefalite
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Eletroencefalograma (EEG): demonstra lentificação difusa do ritmo cerebral (ritmos beta e teta), sendo inespecífico para diagnóstico de delirium;
- diagnóstico diferencial estado de mal não convulsivo, doença priônca
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A prevenção e medidas de tratamento não-farmacológicas são a estratégia mais efetiva e segura para reduzir e a freqüência do delirium e suas complicações. Algumas alternativas incluem:
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terapias e atividades cognitivas (reabilitação cognitiva)
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mobilização precoce
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minimização do uso de medicações psicotrópicas e neurolépticas
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intervenção para prevenção de privação do sono
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controle de dor e balanço hídrico (desidratação/bexigoma)
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nutrição adequada
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comunicação com familiares, controle de ruídos no ambiente, garantia de iluminação (especialmente luz solar)
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- O tratamento também parte da identificação e correção da causa base, quando identificada
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Caso necessário, utilizar opções farmacológicas, com preferência para os antipsicóticos
- devendo a escolha e as doses ser individualizadas para cada paciente, incluindo doses inicial e máxima
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Tratamento Farmacológico (tabela xxx) Doses iniciais recomendadas |
Antipsicóticos Típicos: permanece como primeira linha de tratamento.
Efeitos colaterais: sintomas extrapiramidais (principalmente em doses >3mg) e alargamento do intervalo QT no ECG. Proscrita a utilização venosa, devido ao curto período de ação e potencialização dos riscos cardíacos. Evitar em pacientes em abstinência alcóolica, disfunção hepática, síndrome neuroléptica maligna (ou alta risco), tal qual na doença de Lewy. |
Antipsicóticos Atípicos:
Efeitos colaterais: semelhante aos do Haloperidol, geralmente, em menor intensidade. Há estudos que sugerem aumento da mortalidade quando usados em pacientes idosos com demência. |
Benzodiazepínicos:
Efeitos colaterais: agitação paradoxal, hipersonolência e depressão respiratória. Constituem fármacos de segunda linha, inclusive piorar ou prolongar os sintomas do delirium. Todavia, são úteis para controle de abstinência alcoólica, risco ou síndrome neuroléptica maligna e pacientes com pakinsonismos - cujos sintomas extrapiramidais podem ser exacerbados por antipsicóticos. Obs.: nunca suspender abruptamente em pacientes com uso prévio. |
Antidepressivos
Efeitos colaterais: sedação excessiva, especialmente em idosos. Poucos ensaios clínicos comprovam a eficácia neste contexto. |
antipsicóticos típicos
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Antipsicóticos Típicos: permanece como primeira linha de tratamento.
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Haloperidol VO: 0,25 a 0,5mg, 2 vezes ao dia, podendo haver doses adicionais a cada 4h; pico de ação a cada 6 horas. Máx.: 3mg
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Haloperidol IM: 0,5 a 1mg, com pico de ação a cada 20 a 40 min. Avaliar nova dose após 40 a 60min.
Efeitos colaterais: sintomas extrapiramidais (principalmente em doses >3mg) e alargamento do intervalo QT no ECG.
Proscrita a utilização venosa, devido ao curto período de ação e potencialização dos riscos cardíacos.
Evitar em pacientes em abstinência alcóolica, disfunção hepática, síndrome neuroléptica maligna (ou alta risco), tal qual na doença de Lewy.
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antipsicóticos atípicos
Antipsicóticos Atípicos:
Efeitos colaterais: semelhante aos do Haloperidol, geralmente, em menor intensidade. Há estudos que sugerem aumento da mortalidade quando usados em pacientes idosos com demência |
benzodiazepínicos
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Antidepressivos
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Antidepressivos
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Trazodona VO: 25 a 150mg, 1 vez ao dia.
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Efeitos colaterais: sedação excessiva, especialmente em idosos.
Poucos ensaios clínicos comprovam a eficácia neste contexto.
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o delirium é conhecido pelo acometimento transitório, porém o prognóstico para sua recuperação é variável
- ele pode persistir em quase 45% dos casos após a alta hospitalar e, em até 33% dos pacientes, um mês após a alta, e em mais de 20%, seis meses após.
- esse risco de manutenção do delirium aumenta em idosos e adultos frágeis
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By Neuro Hub
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